quarta-feira, 6 de maio de 2020

Álcool



De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), alcoólico é um bebedor exagerado e dependente do álcool, seguido de perturbações mentais, de saúde física, relacionamento interpessoal, social e econômico (LINO,2006).

No ano de 2018 a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), informou que mais de 3 milhões de pessoas vieram a óbito por uso nocivo de álcool. As formas de mortes devido ao álcool são lesões (acidente de trânsito, autolesão e violência interpessoal), patologias digestivas, problemas cardiovasculares, doenças infecciosas, câncer, transtornos mentais, entre outros.

Embora estudos tenham demonstrado menor risco cardiovascular e consumo moderado de álcool. Por outro lado, seu consumo exagerado pode desencadear hiperlipidemias, esteatose, cirrose hepática, hepatite, pancreatite, cardiomiopatias, hipertensão, surto hemorrágico, arritmias e até morte súbita. Devemos ainda lembrar, que o consumo excessivo recorrente pode desencadear o surgimento de tipos de câncer em regiões como boca, faringe, esôfago, estomago e fígado. Podendo dar início ou potencializar o mesmo.

Depois de sua ingestão, a absorção do etanol ocorre em pequena quantidade no estômago e em maior quantidade na porção inicial do intestino delgado (duodeno).

O álcool é causa comum de cirrose (ocorre alteração na circulação do sangue no fígado, causando hipertensão portal) e pancreatite crônica (cerca de 90% dos acometidos pela doença) comumente são desenvolvidas pelo alcoolismo. Os sintomas secundários da cirrose são hipertensão portal, esplenomegalia (volume do baço aumentado), edema, ascite, encefalopatia e hemorragia gastrointestinal ou varizes de esôfago. E os sintomas secundários em pacientes com pancreatite crônica são cistos, icterícia, necrose do pâncreas e hemorragias.

Normalmente pacientes acometidos pelo alcoolismo apresentam carência energético-proteica. Os pacientes que ingerem uma quantidade de cerca de 30% de valor energético total em álcool, possuem ingestão insuficiente de carboidratos, proteínas, gorduras, vitamina A, C e B, cálcio, ferro e fibras.

A ingestão alcoólica gera alterações de motilidade do trato gastrointestinal (diarréia e má absorção são comuns nesses pacientes), desencadeando uma alteração de sua digestão e absorção. Alterações salivares e de motilidade do esôfago podem ser causas de esofagite. O álcool é a maior causa de gastrite aguda e duodenite.

Alguns outros problemas nestes pacientes podem ser carências nutricionais (particularmente de folato), carência de lactase, redução absortiva de aminoácidos, redução biliar no lúmen intestinal, hiperlipidemia, entre outros.    

O consumo excessivo do álcool pode desencadear o surgimento de um câncer. Em um estudo realizado na Coréia do Sul, segundo Kim et al. (2019) houve uma associação de consumos excessivos (sendo ≥ 20g por dia para mulheres e ≥ 40g por dia para homens) e uma maior probabilidade de câncer gástrico, se comparado a pessoas que não fazem o consumo alcoólico. Sendo as mulheres as mais prejudicadas. Sabe-se que o consumo excessivo de álcool por muito tempo, pode estar mais frequentemente associado a surgimento do câncer. (LoConte, 2017).

 

Referência:

KIM, M.H.; KIM, S.A.; PARK, C.H.; et al. Alcohol consumption and gastric cancer risk in Korea: a case-control study. 2019.

Lino, T.A.L.R. Alcoolismo da causa à doença. 2006. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0054.pdf>.

LOCONTE, N.K.; BREWSTER, A.M.; KAUR, J.S.; et al. Alcohol and Cancer: A Statement of the American Society of Clinical Oncology. 2017.

MAHAN, K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. Alimentação nutrição e dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Organização Pan-Americana da Saúde. Uso nocivo de álcool mata mais de 3 milhões de pessoas a cada ano; homens são a maioria. 2018. Disponível em: <https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5763:uso-nocivo-de-alcool-mata-mais-de-3-milhoes-de-pessoas-a-cada-ano-homens-sao-a-maioria&Itemid=839 >.

VANUNUCCHI, H.; MARCHINI, J.S. Nutrição clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.


Nenhum comentário:

Postar um comentário